sábado, 13 de dezembro de 2008

Na venda da esquina

Na venda da esquina, de tudo tem um pouco
Lá encontra-se de parafuso à macarrão
De chinelo à caixa de sabão
Dona Maria e Seu José de tudo vão buscar
E quando não o podem, Gustavinho faz o serviço
Em sua bicicleta cargueira em zig-zag sai pedalando
A trepidar nas ruas de chão até o seu destino
Ai da vizinhança se não fosse a venda da esquina...

O Quarto

No quarto sozinho me ponho a pensar
Nas coisas da vida e na solidão
Esta fera medonha sem coração
Me rasga por dentro trazendo penar

Fugir eu não posso, correr é vão
Eu fecho os olhos tentando fugir
Mas os meus ouvidos a ouvem rugir
Trazendo de volta aquela aflição

Procuro a minha volta, mas não vejo saída
Me sinto como dentro de um poço
Só vejo uma Luz quando olho para cima

Que Luz é essa que quase me cega?
Seu brilho é forte parece um astro
Tão leve eu fico, parecendo pena

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

A invasão dos descartáveis. (Usou, jogou fora!)



Essa semana, aqui em casa, comemoramos o aniversário de uma irmã nossa (Valéria). Teve bolo, cachorro-quente, refrigerante, essas coisas. Após os convidados irem embora, resolvi comer um cachorro-quente. Tá bom, na verdade foram três. Quando lavei as mãos na cozinha, procurei algo pra enxugá-las. Vi os guardanapos, mas decidi fazê-lo com um pano. Foi então, que tive um pensamento óbvio: “Os panos são melhores que os guardanapos, pois, posso utilizá-lo várias vezes”. Ou seja, a vida-útil dos panos é maior que a dos guardanapos.
Foi quando olhei para o “resto de festa”, e vi que estavam espalhados vários guardanapos e copos descartáveis, já utilizados e descartados. Então, retomei a idéia de que as pessoas inventaram os descartáveis para poupar trabalho. Pois, com eles é: “Usou, jogou fora”. Panos, copos e pratos convencionais, têm vida longa, mas dá trabalho limpá-los, enxugá-los, guardá-los. Ficam ocupando lugar. Ao contrário dos descartáveis, que após serem utilizados, vão para o lixo.
Podemos perceber essa idéia muito além da esfera dos objetos. Hoje, notamos que isso ocorre também nos relacionamentos interpessoais. O que tem corrompido laços importantes, como o casamento, a família e a amizade.
As pessoas têm optado por relacionamentos descartáveis. Pois assim, podem desfazer-se deles quando for conveniente. “Pra que casar ou namorar, se posso me relacionar com Fulana? Quando eu enjoar, dou o fora! Só saio com ela de vez em quando mesmo”. “Vou ser amigo de Beltrano, quando conseguir o que ele pode me proporcionar, me afasto”.
Relacionamentos “convencionais”, permanentes, dão trabalho. E muito trabalho. Quando desgastados, ou quando surgem conflitos, temos que “cuidar” deles. Sem contar que ocupam “espaço” na nossa vida.
Casamento, namoro, amizade, custam caro. Tem um preço. Que nem todos estamos dispostos pagar. Um preço que só se paga com Amor.
Em Coríntios 13.4-7, diz:

“O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.
Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;
Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.”

Se atentarmos para as qualidades desse Amor, perceberemos o preso pago por casamentos de 30 ou 40 anos. Ou por amizades que duram a vida toda.
Bater numa criança é fácil. Educá-la, custa caro. Requer tempo. E num mundo onde tempo é dinheiro. Fica difícil pagar.
Lidar com conflitos no casamento pode ser difícil. Mas nos colocarmos no lugar do outro, talvez facilite as coisas.
Objetos podem quebras e serem substituídos. Pessoas, não. Cultive seus relacionamentos.

Sei que não sou casado, não tenho filhos e cultivo algumas poucas amizades. Não sou um grande conhecedor das coisas. Mas procuro aprender observando as coisas simples da vida. Quem sabe, um dia chegamos lá.

Até a próxima postagem.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Perdendo os sentidos das palavras

Há alguns anos, certo dia estava pensando uma determinada palavra. Não me recordo que palavra era especificamente, mas era uma palavra comum, como cadeira, por exemplo. Lembro que naquela hora por um breve momento passei a repetir essa palavra em minha mente (cadeira, cadeira, cadeira... cadeira...). Passado alguns segundos de repetição da tal palavra, ela perdeu o sentido comum que possuía. Ou seja, desliguei o termo de seu sentido original. Para mim, dentro de alguns instantes, a palavra que eu repetira perdeu o significado.
Bem, eu poderia ter dado como título desse meu devaneio “Palavras perdendo os sentidos”. Porém, o que aconteceu na ocasião foi que eu perdi o significado da palavra, e não ela que perdeu seu significado. Por esta razão o título como está.
Ultimamente ouvi uma música japonesa que em determinado trecho dizia:

“Temos que ter cuidado extra com as coisas que estão mais perto... ...quanto mais próximos ficamos de algo, fica mais difícil de vê-lo”.

Acredito que essas duas idéias funcionem da mesma maneira. Quando repeti a palavra “cadeira” várias vezes na mente, acabei me aproximando mais dessa palavra, fazendo com que de certa forma, para mim, ela perdesse momentaneamente seu significado.
Isso é comum à maioria das pessoas, mesmo que em âmbitos diferentes, acontece com a maioria. Alguns filhos, que por viverem com seus pais e estarem constantemente com eles, em algum momento na vida deixam de lhes valorizar como deveriam. Ou ainda, alguém com alguns anos de casado, acaba deixando um pouco o cônjuge de lado desejando em seu íntimo, reviver momentos da vida de solteiro.
O “cuidado extra” com as coisas (pessoas) que o compositor sugere, deve ser levado em consideração. Por estarmos muito próximos às pessoas a quem amamos, pode ser que isso dificulte termos uma visão mais clara delas, e de como elas são importantes para nós.

sábado, 8 de novembro de 2008

Começando...

No fundo sempre tive vontade de escrever algo que outros pudessem ler. Porém, eu evitava escrever com medo de que as pessoas não gostassem ou que não valorizassem o que eu fosse dizer com meus possíveis escritos. Mas, por um incentivo, ou digamos, por empurrãozinho que recebi de um amigo (Cleber Baleeiro), resolvi começar com este blog. Com a ajuda deste amigo, acabei criando a coragem que me faltava para escrever.

Obrigado, Cleber!

Desde que me entendo por gente, vez ou outra me flagrava fazendo algumas reflexões interessantes (pelo menos a mim pareciam). Com o passar do tempo até tive vontade de escrever alguns desses meus "súbitos devaneios" (por essa razão o título do blog), mas pelos motivos citados acima, não o fiz.
O que mais me deixava curioso, é que se tratavam de luzes sobre os mais diversos assuntos. Vez eram sobre morte, outra eram sobre vida, Deus, amor, amizade, alegria, tristeza, paz, fúria, coletividade, enfim, os mais diversos assuntos que envolviam os seres humanos, suas vivências e suas atitudes sem explicação. Já cheguei até a refletir sobre algumas explicações dessas atitudades humanas dadas por alguns.
A partir de agora pretendo compartilhar um pouco desses "devaneios" com vocês, ou com quem se interessar por eles.

Bom, acho que já é um começo.

Até a próxima postagem.