segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Perdendo os sentidos das palavras

Há alguns anos, certo dia estava pensando uma determinada palavra. Não me recordo que palavra era especificamente, mas era uma palavra comum, como cadeira, por exemplo. Lembro que naquela hora por um breve momento passei a repetir essa palavra em minha mente (cadeira, cadeira, cadeira... cadeira...). Passado alguns segundos de repetição da tal palavra, ela perdeu o sentido comum que possuía. Ou seja, desliguei o termo de seu sentido original. Para mim, dentro de alguns instantes, a palavra que eu repetira perdeu o significado.
Bem, eu poderia ter dado como título desse meu devaneio “Palavras perdendo os sentidos”. Porém, o que aconteceu na ocasião foi que eu perdi o significado da palavra, e não ela que perdeu seu significado. Por esta razão o título como está.
Ultimamente ouvi uma música japonesa que em determinado trecho dizia:

“Temos que ter cuidado extra com as coisas que estão mais perto... ...quanto mais próximos ficamos de algo, fica mais difícil de vê-lo”.

Acredito que essas duas idéias funcionem da mesma maneira. Quando repeti a palavra “cadeira” várias vezes na mente, acabei me aproximando mais dessa palavra, fazendo com que de certa forma, para mim, ela perdesse momentaneamente seu significado.
Isso é comum à maioria das pessoas, mesmo que em âmbitos diferentes, acontece com a maioria. Alguns filhos, que por viverem com seus pais e estarem constantemente com eles, em algum momento na vida deixam de lhes valorizar como deveriam. Ou ainda, alguém com alguns anos de casado, acaba deixando um pouco o cônjuge de lado desejando em seu íntimo, reviver momentos da vida de solteiro.
O “cuidado extra” com as coisas (pessoas) que o compositor sugere, deve ser levado em consideração. Por estarmos muito próximos às pessoas a quem amamos, pode ser que isso dificulte termos uma visão mais clara delas, e de como elas são importantes para nós.

Um comentário:

Cleber Baleeiro disse...

Companheiro Thiaguinho,

fico feliz em saber que agora há o que preste para ler na internete. Seu blog, tenho certeza, será fonte de muita inpiração para mim.
Fico feliz também em inaugurar seus comentários. Pode contar comigo como um leitor frequente.
Sobre seu texto, só fico pensando se realmente as palavras têm sentido para perder. Acho que o sentido da palavra é aquele que ela tem na fala e na recepção.
Mas seu texto também me lembra o trecho de um poema de João Cabral de Melo Neto:

... E por fim a realidade
prima, tão violenta,
que ao tentar apreendê-la
toda palavra rebenta.

Abraço!